Para muitos um nome totalmente desconhecido, para outros um sonho que está prestes a se concretizar, esse é o Firebird, a mais nova encarnação do banco de dados InterBase.

Firebird 1.0 Observação : Quando esse artigo foi escrito a versão disponível do Firebird era a Release Candidate 1.0. Atualmente a versão 1.0 oficial já foi lançada. As informações contidas aqui se aplicam à ambas as versões. Para muitos um nome totalmente desconhecido, para outros um sonho que está prestes a se concretizar, esse é o Firebird, a mais nova encarnação do banco de dados InterBase.  Um pouco de história Quando a Borland anunciou a abertura do código fonte do InterBase, a notícia foi muito bem recebida pela comunidade Open Source que estava ganhando um banco de dados mundialmente reconhecido pela sua eficiência e simplicidade de instalação/manutenção. Após alguns meses de muita ansiedade, decepções e inseguranças, o fato finalmente aconteceu (em 25 de Julho de 2000) e todos puderam ter acesso ao código do InterBase. Naquele instante, alguns usuários do InterBase (entre eles alguns ex-funcionários da própria Borland que participaram no seu desenvolvimento) decidiram criar uma versão bifucarda do IB que tivesse o apoio e a participação ativa da comunidade no seu desenvolvimento. Nesse momento nasceu o Firebird. De lá para cá muita coisa tem sido feita. Pessoas que antes eram apenas usuários passaram a conhecer e se aprofundar no código do IB, dedicando grande parte do seu tempo ao estudo e limpeza do código do InterBase. Muitos bugs foram detectados e corrigidos, incluindo aí uma grande falha de segurança (backdoor) encontrada no código do IB que permitia que qualquer usuário conhecedor do login/senha do backdoor tivesse acesso completo a qualquer banco de dados em qualquer servidor InterBase. Para a surpresa de muitos, a mesma empresa que abriu o código do IB anunciou que continuaria vendendo uma versão certificada do InterBase que, segundo a Borland, contém algumas diferenças da versão Open Source. Isso infelizmente acabou por dificultar ainda mais o entrosamento e a troca de informações entre os dois grupos, assim criando uma divisão clara dos códigos. Novos recursos Não só da correção de bugs se ocupou a equipe de desenvolvimento do Firebird. Ao mesmo tempo em que o código ia sendo desvendado, bugs iam sendo corrigidos e alguns novos recursos começaram a ser implementados. Alguns desses recursos faziam parte da lista de requisições dos usuários do InterBase já há algum tempo. A seguir estão listadas algumas das novas implementações que devem estar presentes na versão 1.0 do Firebird a ser lançada em breve (atualmente a versão RC1 – Release Candidate 1 -está disponível para download). Páginas de 16K O tamanho máximo de uma página no InterBase/Firebird era de 8K. A implementação de páginas de 16K permite uma melhor otimização do banco de dados, assim como arquivos maiores. Porta padrão 3050 Agora a porta de conexão padrão do Firebird é a 3050, caso não seja encontrada uma outra configuração no arquivo SERVICES. Descriptors em UDFs Esse recurso utiliza mecanismos internos já existentes para passar estruturas de dados da engine do banco de dados para as UDFs. O impacto mais dramático disso é que agora os valores NULLs podem ser enviados e recebidos para/das UDFs. Possibilidade de se desabilitar índices associados a uma chave estrangeira Até hoje a criação de uma chave estrangeira em uma tabela no Firebird fazia com que um índice fosse automaticamente criado para o campo relacionado com a chave. Isso muitas vezes gerava problemas com o otimizador de queries em situações onde os índices tinham pouca seletividade. Com a possibilidade de se desabilitar tais índices, esses problemas poderão ser contornados. Esse recurso ainda está pendente até que todas as implicações sejam revistas e, portanto, pode não estar disponível no primeiro release da versão 1.0. UDFs e Generators monitorados Agora o banco não permite que UDFs e generators, que estão sendo usados em triggers, stored procedures ou em campos calculados, sejam apagados. Suporte a arquivos maiores O IB/FB anteriormente utilizava ponteiros de 32 bits para operações com arquivos, fazendo com que o tamanho máximo de um único arquivo do banco de dados ficasse limitado a 4 Gb. O Firebird 1.0 passou a usar ponteiros de 64 bits, o que permitiu um aumento considerável no tamanho de um arquivo que compõe um banco de dados (lembre-se que um banco pode ser composto de vários arquivos, sendo que o maior tamanho de um banco IB/FB reportado até hoje é de 980Gb). No entanto, o tamanho máximo de um arquivo depende também do sistema operacional e do sistema de arquivo utilizados (ex : Fat, Fat32, NTFS, HPFS, EXT/2, etc...). GROUP BY UDF Agora é possível utilizar UDFs em cláusulas group by em selects mas é de responsabilidade do programador se certificar que as UDFs retornam valores válidos e não absurdos. Isso é muito útil quando se tem que agrupar o resultado de um select baseado em uma informação que não se encontra naturalmente em um campo, como por exemplo agrupar os aniversariantes de um determinado mês baseado em um campo data (que como todos devem saber, armazena dia, mês e ano). RECREATE PROCEDURE Esse comando permite que se recrie uma stored procedure com o mesmo nome já existente sem necessidade de "dropar" ela antes. RECREATE TABLE Similar ao Recreate Procedure, mas para Tables. SELECT [FIRST (<integer expr m>)] [SKIP (<integer expr n>)] Um recurso muito requisitado principalmente por quem usa o Firebird em aplicações Web que permite retornar um bloco de um result set : FIRST faz com que somente os primeiros m registros sejam retornados.  SKIP faz com que os primeiros n registros retornados sejam desconsiderados.     SUBSTRING( <string expr> FROM <pos> [FOR <length>]) Função interna que implementa a função SUBSTRING() do ANSI SQL. Retorna o substring composto dos caracteres localizados na posição pos até o final do string. Se a opção FOR for utilizada, o substring terá o tamanho máximo determinado por length. Uma função simples, mas que fazia falta. PLANONLY Faz com que o comando SQL seja enviado ao servidor e que o PLAN adotado para a execução seja retornado, sem que o comando seja executado. Isso é útil para saber se o plano adotado pelo optimizador realmente é o mais eficiente. CURRENT_USER e CURRENT_ROLE Essas duas novas variáveis contextuais foram criadas para mostrar o usuário atual e o role atual (caso esteja definido) dentro do contexto atual de uma transação. DROP GENERATOR Comando utilizado para apagar um generator. Anteriormente era necessário manipular diretamente as tabelas do sistema no banco de dados para remover um generator. Conversão automática de strings para BLOBs em comandos de insert/update Uma característica simples mais muito efetiva e que realmente fazia falta. Antes era impossível atribuir um texto em um campo blob utilizando comandos SQL sem o uso de uma UDF para converter o texto (string) em Blob. Forced Writes ON como padrão no Win32 Nunca foi documentado, mas a opção de Forced Writes foi desligada como padrão para Win32 no lançamento do IB 6.0. Isso ocasionou muita corrupção de dados especialmente quando o IB estava rodando em Win 9x sem no-breaks.  Novas funções da FUDFLIB Algumas UDFs muito úteis foram adicionadas à biblioteca padrão que acompanha o Firebird (FUDFLib), entre elas: NVL, NULLIF, SDOW, DOW, RIGHT, StringToBlob etc. Compatibilidade No momento o Firebird é totalmente compatível com bancos criados no InterBase 6. Isso quer dizer que se você tem um banco que foi criado ou está sendo usado com um servidor InterBase 6.0 esse mesmo banco pode ser utilizado com um servidor Firebird 1.0. Isso se deve ao fato da ODS (On Disk Structure) usada pelo Firebird ser a mesma da utilizada pelo InterBase 6.0. No entanto, você deve tomar cuidado com o contrário, ou seja, se você criou um banco de dados no Firebird 1.0 e quer utilizá-lo em um servidor IB, isso só vai ser possível se seu banco não estiver utilizando nenhum dos novos recursos incorporados no Firebird. Por exemplo, se seu banco está configurado com páginas de 16K, o InterBase não poderá acessá-lo pois o limite do tamanho de página no InterBase é de 8K. É aconselhável, nos casos de mudança de servidor, que um backup seja feito do banco de dados no servidor originalmente utilizado e que um restore seja feito no novo servidor. Porque usar o Firebird ao invés do InterBase ? A seguir estão alguns fatos à serem considerados que ajudarão na resposta dessa pergunta. A decisão é sua. Ao contrário da Borland, que se mantém em silêncio no que diz respeito a novas implementações no InterBase, bem como se novos recursos serão disponibilizados na versão Open Source do banco ou se somente estarão disponíveis na versão certificada (paga), o projeto Firebird é totalmente aberto à comunidade. Qualquer um pode se informar da situação atual do código, saber o que foi alterado e o que está por vir. A comunidade está aberta para a participação de todos que quiserem ajudar no desenvolvimento do código, correção de bugs, documentação, desenvolvimento de ferramentas, etc. Não existe, no entanto, uma comunidade aberta trabalhando no código atual do InterBase da Borland, portanto mesmo que você queira trabalhar nele, não encontrará muita gente com quem conversar, trocar idéias e experiências. A Borland mantém uma equipe de desenvolvimento interna trabalhando na versão certificada do banco, mas, como dito anteriormente, não se sabe se as novas implementações estarão disponíveis na versão Open Source do InterBase. No Firebird não existe pressão para upgrades e as correções de bugs são disponibilizadas quase que instantaneamente. Além disso, hoje o Firebird suporta dez sistemas operacionais (Win32, Linux, Solaris (Sparc e X86), Mac OS X, FreeBSD, NetBSD, AIX, HP-UX e SCO) enquanto que o InterBase suporta apenas três (Win32, Linux e Solaris). Obs: Após esse arquivo ter sido escrito, a Borland anunciou as novas características do Interbase 6.5, mas esses novos recursos estarão disponíveis apenas na versão certificada do software (que não é de graça). Saiba mais em http://www.borland.com/interbase/ib65/6xfeature_list.html e http://community.borland.com/article/0,1410,28083,00.html . Onde eu posso conseguir o Firebird 1.0 ou obter mais informações? O Firebird está disponível para download através dos sites da IBPhoenix (www.ibphoenix.com) e do Firebird (www.firebirdsql.org) , tanto os binários como o código source. Os binários vêm com instaladores para a maioria das plataformas suportadas.  PLAN   O optimizador do Firebird automaticamente gera um PLANo de acesso aos dados visando a máxima eficiência da operação (como por exemplo um select). O plano define quais índices serão ou não utilizados na recuperação dos dados, joins entre tabelas, bem como a ordem que isso vai acontecer.    UDF   User Defined Function – Um dos grandes recursos do Firebird é permitir que o desenvolvedor crie qualquer tipo de função e use-a dentro do banco de dados. Para isso basta voce utilizar uma linguagem que gere DLLs e seguir as regras para a definição dessas UDFs.    Forced Writes   É o modo como o Firebird grava as informações no disco. Se Forced Writes estiver ON (ligado), então toda informação gravada no banco será imediatamente gravada no HD, se estiver OFF (desligado), a informação permanecerá um certo tempo no cache de disco antes de ser definitivamente gravada. A opção OFF, por motivos óbvios, somente deve ser utilizada em servidores estáveis (de preferência rodando Linux) e que possuam NoBreaks.    Páginas   Um banco de dados Firebird é composto de diversas páginas de determinado tamanho. Essas páginas armazenam informações sobre o gerenciamento/uso do espaço dentro do banco, ponteiros, etc...    ODS   On Disc Structure – é a versão da estrutura do banco de dados utilizada pelo Firebird. Geralmente quando uma nova versão do servidor é lançada ela utiliza uma estrutura diferente da anterior, ou seja, tem um número de ODS diferente. Por isso deve-se fazer um backup antes de dar upgrade no servidor, e restaurá-lo depois do upgrade pois ele será restaurado com a nova ODS.    Services   O arquivo services é um arquivo de configuração do sistema operacional que diz que serviço atende à determinada porta do TCP/IP. O Firebird tem por padrão utilizar a porta 3050 para comunicação.    Generator   São geradores de números sequenciais internos do banco de dados. São geralmente utilizados para gerar um valor inteiro para ser armazenado em uma chave primária em alguma tabela. Eles não ficam dentro do contexto transacional, por isso garantem que os números nunca vão se repetir, mas podem deixar "buracos" dentro da sequência caso uma transação seja desconsiderada (rolled back).       Autor : Carlos Henrique Cantu - Interbase-BR Matéria publicada na revista Clube Delphi

Quebra-Linha

Colaborador..: Moacir Ezequiel Lamego
Categoria(s).: Banco de Dados; Firebird;
Versão.......: 1.0
Data.........: 10/12/2004 10:04:48
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Fonte........: Clube Delphi